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A Liderança Colaborativa ouve, tem empatia e propicia um ambiente em que todos participam

Liderança Colaborativa: vixe… Virei líder! E agora?

Por muitos anos, liderança foi sinônimo de chefia. Atualmente, essa expressão traduz muito mais um comportamento do que uma função ou status. A liderança colaborativa pode (e deve) ser empregada também no empreendedorismo.

Equipe multifuncional unindo as mãos em comemoração e sinal de colaboração
Liderança Colaborativa ouve, entende, influencia, contribui, negocia e carrega o piano junto com a equipe

A figura do chefe tradicional, preso em uma sala, que chama aos gritos os subordinados para alguma cobrança já foi tão comum que nem parecia caricato. Nos dias atuais, essa figura vem sendo substituída pela liderança colaborativa que ouve, entende, influencia, contribui, negocia e carrega o piano junto com a equipe.

Ao acompanhar depoimentos no Linkedin e ouvir histórias terríveis de amigos, chego a pensar que a mudança do CHEFE para o LÍDER está acontecendo de forma muito mais lenta e gradual do que eu gostaria. E realmente pode ser vista assim se considerarmos o alto custo de se ter um chefe dos moldes antigos: estresse do profissional, descontentamento da equipe, doenças psíquicas generalizadas entre outros prejuízos para as empresas e para seus funcionários.

Por outro lado, ao pensar na evolução da humanidade, percebo que convivemos muito mais séculos com figuras DITATORIAIS do que com lideranças INFLUENCIADORAS. Fomos educados por “autoridades supremas” dentro de casa, nas escolas e no trabalho. Então, depois dessa comparação da nossa evolução, chego a conclusão de que essa mudança incrível está sendo até bem rápida. O que não significa que já chegamos ao fim desse processo.

Homem com dedo em riste e com a boca aberta, claramente irritado e gritando.
Chefes brigões e agressivos repetem comportamentos aprendidos com pais, professores e antigos chefes.

Não é raro, por exemplo, ainda receber em grupos do whatsapp ou ver compartilhamentos que valorizam a comunicação violenta, vangloriando mães que batiam com chinelos e varinhas na prole apavorada. Ou pais que usavam cinta e outros objetos para convencer filhos de um comportamento considerado mais adequado para a época. Portanto, não é de admirar que muitas pessoas, na vida adulta, ainda considerem mais produtivo convencer subordinados de formas mais agressivas. Essas pessoas estão tentando se adaptar a uma nova realidade, mas nem sempre conseguem.

“Não é raro ver postagens que valorizam a comunicação violenta, vangloriando mães que batiam com chinelos e varinhas na prole apavorada. Ou pais que usavam cinta e outros objetos para convencer filhos de um comportamento considerado mais adequado para a época”.

Liderança colaborativa na nova economia

Além da adaptação óbvia, outro ponto que deixa profissionais mais experientes perdidos é que na nova economia uma liderança colaborativa não necessariamente precisa estar hierarquicamente acima dos liderados. O líder pode ser um par, um parceiro ou até um colaborador que temporariamente está envolvido com aquela entrega. A liderança é “confiada” ao profissional com as melhores habilidades no momento. E o líder desse projeto pode não ser o que assumirá a próxima empreitada. Liderança já não é um CARGO ou um STATUS. Precisamos de uma mudança de mindset quase que total. Porque ainda temos diversas gerações produtivas que foram criadas com uma comunicação extremamente violenta e aprenderam que a crítica, a ordem, a humilhação e a hierarquia padrão são as ferramentas mais eficazes para gerir uma equipe.

A consequência é que as empresas – principalmente as ligadas a serviços – estão trocando nos cargos estratégicos, figuras enérgicas, experientes, centralizadoras e paternalistas por profissionais apaixonados pelo que fazem, nem sempre tão experientes, mas que buscam incentivar seus liderados a compartilhar seus conhecimentos e assumir seus papéis de influenciadores ativamente.

E se você é empreendedor, também está passando por essa revolução. Você precisa se adaptar a um mundo em que não vão existir chefes, mas parceiros. Até o papel de cliente e fornecedor está mudando. As empresas mais queridas pelos seus consumidores são aquelas que incentivam a participação ativa de seus clientes nas etapas de produção em busca de melhorias. Gerir vários parceiros pode ser mais desafiador do que gerenciar uma equipe de subordinados.

E a minha pergunta é: o que essa mudança de cenário está causando nos profissionais que foram criados para outra realidade?

Por incrível que pareça essa mudança, que deveria ser super saudável, está causando muito desconforto e estranhamento. Ouvi recentemente de um profissional de aproximadamente 30 anos: “no passado era mais fácil, o chefe mandava, a gente fazia e recebia por isso. Agora é um bando de gente despreparada tentando dar um de profissional. O cara não sabe nada, vive perguntando minha opinião. Para mim, isso é incompetência”.

E como assumir uma liderança colaborativa?

Com a queda da antiga cartilha do chefe paternalista e mandão, é preciso reinventar uma nova liderança, que vem sendo exercitada nas duas últimas décadas, mas que ainda está longe de estar consolidada. E como é possível avançar nesse novo modelo?

Mulher representando a liderança do grupo, anotando em um caderno e outras duas pessoas a seu lado
Para a Liderança Colaborativa é preciso ficar atento a 5 pontos fundamentais

Pelos meus estudos e observações, entendo que existem 5 pontos fundamentais para exercer a nova liderança. Vale para o mundo corporativo e principalmente para quem está empreendendo.

1. Investir em autoconhecimento:

Se conhecer verdadeiramente é fundamental. Todos temos “pré-conceitos”, pautados em vieses inconscientes. Se não conhecemos o que nos leva a tomar decisões ou escolher parceiros e colaboradores, podemos seguir por caminhos que nos parecem corretos, mas que repetem erros passados e não trazem o verdadeiro sucesso. A consequência disso é irritabilidade, descontentamento e uma sensação de desconexão. Reações inadequadas podem nascer de crenças que temos no inconsciente e nem nos damos conta.

2. Ser menos autocrítico:

A nova economia é colaborativa e, como tal, permite que os profissionais se complementem. Assim a liderança não precisa ser conhecedora de tudo, o tempo todo. O líder é um ser humano e, como tal, pode errar e reconhecer que errou. A autocrítica julgadora e agressiva mais destrói a confiança, criando um círculo vicioso, de crítica e desaprovação, provocando ainda mais erros e descontentamento.

3. Exercitar a empatia:

Por ser mais humanizada, a liderança colaborativa pratica a empatia. Sabe ouvir seus pares, coloca-se no lugar das outras pessoas e encara as questões de frente, com franqueza e transparência. Assim permite buscar alternativas conjuntas para problemas individuais ou coletivos. Não vive dentro de uma redoma, se protegendo de sentimentos e sensações.

4. Dar e receber feedback:

A liderança segura sabe que o bom feedback contribui para o crescimento do time. Quando positivo e dado em público, estimula quem recebe. E quando negativo (dado apenas no individual), permite que quem o receba possa fazer perguntas para entender melhor o contexto, o cenário, os impactos e como melhorar a partir dali. Essa liderança é acessível, por isso também recebe com tranquilidade feedbacks positivos e negativos, buscando informações para seu próprio crescimento.

5. Praticar a Comunicação Não Violenta

Em um mundo em que as pessoas, até há pouco tempo, só sabiam se comunicar de forma agressiva e violenta, não podemos exigir que a liderança saiba utilizar a Comunicação Não Violenta com perfeição. No momento de pressão, de forte emoção, o inconsciente abre brechas e podemos repetir comportamentos que aprendemos com pais, professores ou chefes do passado. Por isso, é fundamental conhecer os princípios da CNV e principalmente praticar diariamente até que vire um hábito. A atenção consciente no presente ajuda a ficar atento e não cair em armadilhas. Por isso, exercícios de meditação ou de Mindfulness ajudam muito.

Quando e como começar?

Entendo que a Liderança Colaborativa ainda está em formação, por isso esses cinco pontos são básicos e fundamentais. Sem eles é impossível tornar o ambiente em que trabalhamos mais saudável para todos: líderes e liderados. E para mim, essa humanização vale tanto para empresas de grande, médio ou pequeno porte. E é muito mais válido para quem tem sua micro-empresa em que é preciso liderar você mesmo.

O momento de começar a praticar é já, mesmo que você não tenha funcionários na sua hierarquia. Lembre-se que liderança colaborativa não está diretamente ligada a subordinação, por isso exercite a liderança com pares, colegas, parceiros e com você mesma. Você se sentirá muito mais leve no final do dia!

Gostou desse artigo e quer continuar lendo assuntos correlacionados? Veja esse artigo da mentora e terapeuta holística Andreia Gandolfi, http://bit.ly/LiderancaGandolfi

Kátia Marim Treviso é sócia-proprietária da ZuncaPress Conteúdo Digital e idealizadora do programa Agite sua Essência, que tem como propósito ajudar pessoas a se reconectarem à sua humanidade. Quer ouvir o nosso podcast? Acesse o link: https://www.zuncapress.com/podcast-agite-sua-essencia/

Katia Marim Treviso

Kátia Marim Treviso é jornalista de formação, trabalhou mais de 20 anos no ambiente corporativo como executiva de Marketing. Atualmente é sócia-proprietária da Zunca Press Conteúdo Digital, especializada em Marketing Digital e criadora do movimento Agite sua Essência.

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